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quarta-feira, 27 de agosto de 2014

O MORCEGO



Um morcego enormíssimo escureceu metade da cidade
-uma nuvem negra, imóvel.
Tivemos de as procurar às pressas e ir acendendo as velas
com mãos trêmulas como se as erguêssemos diante de oratórios.
E diante delas as nossas tataravós ajoelham-se penosamente,
babando misereres.
Súbito, restabeleceu-se a eletricidade, desmoralizando a 
anemia das velas.
Das tataravós, nem sombra!
Elas agora devem estar rezando em qualquer um desses
mundos por aí, diante de algum outro falso fim-do-mundo. 



Mário Quintana
In: Esconderijos do Tempo


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