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sábado, 5 de julho de 2014

A ÁRVORE DOS POEMAS



Quando a árvore dos poemas não dá poemas, 
Seus galhos se contorcem todos como mãos de enterrados vivos, 
Os galhos desnudos, ressecos, sem o perdão de Deus! 
E, depois, meu Deus, essa lenta procissão de almas retirantes... 
De vez em quando uma tomba, exausta à beira do caminho, 
Porque ninguém lhe chega ao lábio o frescor de cântaro, 
a doçura de fruto que poderia haver num poema. 
Maldita a geração sem poetas que deixa as almas seguirem 
seguirem como animais em estúpida migração! 
Quando a árvore dos poemas não dá poemas, 
Qual será o destino das almas?

Mario Quintana
In: Baú de espantos


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