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quarta-feira, 20 de novembro de 2013

O APANHADOR DE POEMAS




Um poema sempre me pareceu algo assim como um pássaro
engaiolado... E que, para apanhá-lo vivo, era preciso
um cuidado infinito. Um poema não se pega a tiro.
Nem a laço. Nem a grito. Não, o grito é o que mais o
espanta. Um poema, é preciso esperá-lo com paciência
e silenciosamente como um gato. É preciso que lhe
armemos ciladas: com rimas, que são o seu alpiste;
há poemas que só se deixam apanhar com isto.
Outros que só ficam presos atrás das catorze grades
de um soneto. É preciso esperá-lo com assonâncias
e aliterações, para que ele cante. É preciso
recebê-lo com ritmo, para que ele comece a dançar.
E há os poemas livres, imprevisíveis, esses é
preciso inventar, na hora, armadilhas imprevistas.

Mario Quintana,
in Da Preguiça como Método de Trabalho (1987)





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