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terça-feira, 1 de outubro de 2013

QUANDO EU MORRER



Quando eu morrer e no frescor da lua
Da casa nova me quedar a sós,
Deixai-me em paz na minha quieta rua...
Nada mais quero com nenhum de vós!


Quero é ficar com alguns poemas tortos
Que andei tentando endireitar em vão...
Que linda a Eternidade, amigos mortos,
Para as torturas lentas da expressão!...


Eu levarei comigo as madrugadas,
Por-de-sóis, algum luar, asas em bando,
Mais o rir das primeiras namoradas.


E um dia a morte há de fitar com espanto
Os fios da vida que eu urdi, cantando,
Na orla negra de seu negro manto.


Mario Quintana
In: A Rua dos Cataventos

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