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domingo, 1 de setembro de 2013

TEMPESTADE NOTURNA





Noite alta,
na soçobrante Nau exposta aos quatro ventos,
em pleno céu sulcado de relâmpagos,
os marinheiros mortos trovejam palavrões.

Ó velhos marinheiros meus avós...
Para eles ainda não terminou a espantosa Era dos
Descobrimentos!
Santa Bárbara
e São Jerônimo,
transidos de divino amor,
escutam suas pragas como orações.

Quando eu acordar amanhã, livre e liberto como uma asa
vou rezar a São Jerônimo
vou rezar a Santa Bárbara
por este nosso fim de século pobre Nau perdida no
nevoeiro
que em vão busca o rumo

das eternas, das misteriosas Américas ainda por descobrir


Mario Quintana,
 in: Baú de Espantos

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