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sexta-feira, 20 de setembro de 2013

ENCANTAÇÃO DA PRIMAVERA




Brotam brotinhos na tarde feita
Só de suspiros:
O amor é um vírus...
Apenas o general de bronze continua de bronze!
O vento desrespeita todos os sinais de tráfego.
Velhinhos de gravata-borboleta
Sobem e descem como autogiros.
O guarda do trânsito virou cata-vento.
As mulheres são de todas as cores como esses manequins
[expostos nas vitrinas,
E onde é que estão, me conta, as tuas esperanças mortas?
Lá vão elas tão lindas vestidas de verde
Como Ofélias levadas pelos rios em fora
Enquanto eu nem me atrevo a olhar para o alto: repara se
[não é
O Espírito Santo que vem descendo em lento vôo
E até ele, até Ele, deve estar assim, assim, todo irisado
Como os olhos das crianças, como as maravilhosas bolinhas
[de gude!
Não... Deve ser algum disco voador, apenas...
Ou então, uma dessas boas Irmãs de largas toucas brancas,
As mãos ao peito,
E que no céu deslizam como planadores.
Mas olha: mansamente lá vem atravessando a rua
Uma linda avozinha com sua neta pela mão.
(Uma avozinha consigo mesma pela mão!)
Bem... depois disto... não me perguntes nada, nada...

A Primavera mora no País do Agora!

Mario Quintana -
Apontamentos de História Sobrenatural (1976)


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