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terça-feira, 10 de setembro de 2013

A NOITE




A noite é uma enorme Esfinge de granito negro
La fora.
Eu acendo a minha lâmpada de cabeceira.
Estou lendo Sherlock Holmes.
Mas, nos ventres, há fetos pensativos desenvolvendo-se...
E há cabelos que estão crescendo, lentamente, por debaixo da terra,
Junto com as raízes úmidas...
E há cânceres...cânceres!...distendendo-se como lentos dedos...
Impossível, meu caro doutor Watson, seguir o fio desta sua confusa e
deliciosa história.
A noite amassa pavor nas entrelinhas.
É um grude espesso, obscuro...
Vontade de gritar claros nomes serenos
PALLAS NAUSICAA ATHENA Ai, mas os deuses se foram...
Só tu aí ficaste
Só tu, do fundo da noite imensa, a agonizares eternamente na tua cruz!...

Mario Quintana,
In: O Aprendiz de Feiticeiro

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