Seja bem-vindo. Hoje é

segunda-feira, 19 de agosto de 2013

RAY BRADBURY



Eu queria escrever uns versos para Ray Bradbury,
o primeiro que, depois da infância, conseguiu encantar-me
com suas histórias mágicas
como no tempo em que acreditávamos no Menino Jesus
que vinha deixar presentes de Natal em nossos sapatos
empoeirados de meninos
e nada tinha a ver com a impenetrável Santíssima Trindade.
Era no tempo das verdadeiras princesas,
nossas belíssimas primeiras namoradas
-não essas que saem periodicamente nos jornais.
Era no tempo dos reis verdadeiramente heráldicos como os
das cartas de jogar
e do bravo São Jorge, com seu cavalo branco, sua lança e
seu dragão.
Era no tempo em que o cavaleiro Dom Quixote
realmente lutava com gigantes,
os quais se disfarçavam em moinhos de vento.
Todo esse encantamento de uma idade perdida
Ray Bradbury o transportou para a Idade Estelar
e os nossos antigos balõezinhos de cor
agora são mundos girando no ar.
Depois de tantos anos de cínico materialismo

Ray Bradbury é a nossa segunda vovozinha velha
que nos vai desfiando suas histórias à beira do abismo
-e nos enche de susto, esperança e amor.


Mário Quintana
In: Esconderijos do Tempo



Nenhum comentário:

Postar um comentário